O adoecimento mental dos profissionais da saúde tem preocupado entidades representativas da categoria em Minas Gerais e em todo o país. O Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais (SEEMG), filiado à Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), divulgou dados que reforçam a gravidade da situação e apontam para um crescimento expressivo nos registros de afastamentos por transtornos psicológicos.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), entre 2022 e 2025 foram notificadas 2.804 ocorrências de adoecimento mental relacionado ao trabalho. Técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e enfermeiros aparecem entre as profissões mais atingidas, ocupando respectivamente a 1ª, 2ª e 6ª posições no ranking. Somente em 2024 foram 972 registros, o que representa um aumento de 29,6% em relação a 2023. No setor público, quatro das cinco categorias mais impactadas pertencem à área da saúde, respondendo juntas por 37% dos afastamentos.

Para o presidente do SEEMG, Anderson Rodrigues, a realidade de Minas Gerais reflete a de todo o país. Ele cita como principais fatores de sofrimento a depressão, o risco de suicídio, o assédio moral, a precarização agravada pela terceirização, as jornadas estressantes, a falta de suporte psicológico adequado e a ausência de estrutura de trabalho.

A presidenta da FNE, Solange Caetano, reforça que não é possível oferecer cuidado digno ao paciente sem garantir o direito de cuidar aos profissionais. Segundo ela, isso passa pela implementação de um piso salarial justo, pela jornada de 30 horas semanais, pela promoção de ambientes livres de assédio e violência e pelo respeito à saúde física e mental da categoria.

A preocupação levou a FNE a convocar seus 17 sindicatos filiados em todo o país para debater o tema no XIII Congresso Nacional Sindical de Enfermeiras e Enfermeiros, que acontece de 1º a 3 de outubro de 2025, em São Paulo/SP. O encontro terá como lema “O Cuidado como Direito e o Direito de Cuidar – Uma Luta da Enfermagem Brasileira” e discutirá estratégias de enfrentamento à crise de saúde mental que atinge os trabalhadores da área.

O presidente do SEEMG destaca que o lema do congresso carrega a essência da missão da enfermagem: “De um lado, defendemos o cuidado como um direito de cada cidadã e cidadão, com a garantia de um SUS universal, público e integral. De outro, lutamos pelo direito de cuidar, com condições dignas, valorização e qualidade de vida para os profissionais”.

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