Mortandade de peixes se repete, agora em Bonfim, e sequência de episódios reforça alerta ambiental em Minas Gerais

A Região Metropolitana de Belo Horizonte voltou a registrar neste sábado (13) uma cena que se repete com frequência preocupante: a morte de diversos peixes em um curso d’água. O caso mais recente ocorreu em Bonfim, no córrego Águas Claras, responsável pelo abastecimento da cidade.
O vereador Reginaldo Oliveira foi ao local após denúncias da comunidade e confirmou a situação. “Fiquei chocado com a quantidade de peixes mortos. Solicitei ao Meio Ambiente a coleta de amostras para apurar as causas”, afirmou. Segundo ele, a poluição no curso d’água é um problema antigo. Sem estação de tratamento de esgoto, todo o resíduo doméstico de Bonfim é despejado no rio pela Copasa, que, ao mesmo tempo, utiliza o Águas Claras para abastecimento da população.
A mortandade em Bonfim amplia uma série de episódios recentes que afetam diferentes municípios. Em Juatuba e Esmeraldas, o rio Paraopeba também registrou mortes de peixes em larga escala. Mais recentemente, chamou atenção o surgimento de tumores em animais capturados no mesmo rio. O Águas Claras, além de abastecer Bonfim, deságua no Paraopeba, o que reforça a interligação entre os casos e levanta questionamentos sobre a dimensão da crise ambiental na região.
Neste sábado, o senador Cleitinho e o deputado estadual Eduardo Azevedo também estiveram em Esmeraldas e publicaram um vídeo cobrando das autoridades uma resposta imediata dos órgãos competentes. Para eles, a situação caracteriza um crime ambiental e não pode mais ser tratada com demora ou omissão.
Para especialistas em meio ambiente, a repetição de episódios dessa natureza indica desequilíbrio grave nos ecossistemas aquáticos, podendo estar associado tanto à poluição orgânica, como esgoto doméstico não tratado, quanto a substâncias químicas e metais pesados. “A mortandade em diferentes pontos mostra que não se trata apenas de uma consequência pontual, mas de uma cadeia de impactos que precisa ser investigada com seriedade”, explica um biólogo ouvido pela reportagem.
Moradores relatam insegurança em consumir a água fornecida pela Copasa e cobram maior transparência nas análises de qualidade. “Se a água vem desse rio e a gente vê peixe morrendo, como podemos confiar?”, questiona uma moradora da região central de Bonfim.
A sucessão de casos pressiona por respostas mais firmes das autoridades ambientais. Até o momento, a Copasa não se pronunciou sobre a mortandade em Bonfim. O Ministério Público de Minas Gerais e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente também não divulgaram medidas relacionadas.
Enquanto isso, cresce a preocupação da população e de lideranças políticas quanto ao futuro do abastecimento de várias cidades que dependem de cursos d’água historicamente impactados pela ausência de saneamento e pela poluição.
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