Seja bem-vindo
Brumadinho,30/04/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

O lado invisível da riqueza: Os impactos ocultos da mineração em Minas Gerais


O lado invisível da riqueza: Os impactos ocultos da mineração em Minas Gerais

Minas Gerais carrega no nome a mineração. Mas por trás da riqueza que sai do solo, existe um custo silencioso sendo pago diariamente por quem vive perto das minas. A paisagem muda, a economia gira, mas a vida das pessoas, essa sim, é que sofre as maiores transformações.

Muito além dos desastres que ganham manchetes, a mineração em Minas provoca efeitos que permanecem fora dos holofotes: ansiedade, insônia, dependência química, destruição de patrimônio, desaparecimento de nascentes e colapsos silenciosos dentro das casas mineiras.


Ansiedade minerada: o boom dos calmantes

Em Brumadinho, após o rompimento da barragem em 2019, o consumo de ansiolíticos cresceu 80%. Antidepressivos também dispararam: 60% a mais do que antes da tragédia. E o que deveria ser uma resposta emergencial se tornou rotina.

Mais de um terço da população adulta relatava dificuldade frequente para dormir. A insônia virou o novo tipo de sirene: toca por dentro, sem alarde, mas com força.


Casas rachadas, mentes abaladas

No Vale do Jequitinhonha, moradores relatam rachaduras em suas casas, causadas pelas detonações diárias da mineração. Mas não são só as paredes que cedem. É o emocional de uma população inteira que desmorona aos poucos. Entre trincas e tremores, surgem o medo, o silêncio e a dependência de medicamentos para suportar a rotina.


O progresso não bate em todas as portas

Há promessas: empregos, progresso, royalties. Mas muitos dos que vivem ao lado das minas seguem à margem dos benefícios. O custo de vida sobe, os serviços públicos ficam sobrecarregados e o comércio local sofre com os impactos indiretos da mineração.


Contrapartidas: para quem e até quando?

Mesmo quando há acordos bilionários, como o firmado entre a Vale e o governo de Minas após a tragédia de Brumadinho (R$ 37,7 bilhões), as comunidades atingidas relatam exclusão nos processos de decisão e pouca efetividade nas medidas.

Em Conceição do Mato Dentro, por exemplo, moradores denunciam ruídos excessivos, falta de água e aumento da poeira, tudo isso mesmo com as chamadas compensações ambientais em curso. O sentimento comum é de que as contrapartidas chegam tarde, em pouca quantidade e com pouca escuta.

Estudos também mostram que os royalties nem sempre são aplicados de forma eficaz. Em muitos municípios mineradores, os indicadores de qualidade de vida seguem estagnados ou em queda. O dinheiro entra, mas não transforma.


Libertas quae sera tamen?

O lema da bandeira mineira diz: “Liberdade ainda que tardia”. Mas, para muitos mineiros, essa liberdade ainda não chegou.

Ainda hoje, Minas Gerais vive prisioneira de um modelo de exploração que lucra com a terra, mas empobrece as pessoas. A cada explosão, a cada lençol freático rebaixado, a cada comprimido tomado para suportar a rotina, a liberdade se torna menos promessa e mais ironia.






















É preciso medir não apenas o que se extrai do solo, mas o que se retira da alma das comunidades. Porque enquanto houver lucro sem cuidado, reparação sem escuta, e silêncio onde deveria haver voz, Minas continuará sendo terra de exploração, e não de libertação.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.