A Sexta-feira da Paixão, data em que os cristãos relembram o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, ganha em Brumadinho uma dimensão ainda mais profunda. Para além do simbolismo religioso, a data ressoa com a realidade de um povo que conhece, na própria pele, o peso do sofrimento e a dureza da entrega.

Em um lugar marcado por perdas irreparáveis, a ideia de sacrifício não se limita ao plano espiritual. Ela se materializa nas famílias que seguem lutando por justiça, nos trabalhadores que reconstroem suas rotinas com dignidade, nos jovens que cresceram com a ausência e nos idosos que ainda carregam no olhar a memória do que foi levado.

Assim como Cristo, que se ofereceu em nome de um propósito maior, o povo de Brumadinho também foi chamado a carregar cruzes invisíveis, o luto, a saudade, a incerteza e a indignação. Mas também como Ele, encontra forças na fé, no amor e na esperança de ressurreição.

Durante as celebrações desta sexta-feira, entre procissões, missas e momentos de silêncio, muitos não rezam apenas por salvação. Reivindicam sentido. Rogam por um novo tempo. E transformam o sofrimento em força.

Em Brumadinho, a Paixão de Cristo não é só lembrada. Ela é vivida.